LP - ATIVIDADE 2 - UM POUCO DE POEMA DO SÉCULO XIX (SEMANA 3 / 3º BIM 2020)

 "É preciso ter o caos dentro de si para gerar uma estrela dançante".  


Olá estudantes!!! 

Nessa semana você estudará a Atividade 2 – “Um pouco de poema do século XIX” do Caderno do Aluno Vol. 3 (p. 100-101). Ele terá como eixo a poesia de um autor muito singular do século XIX: Augusto dos Anjos. 

Antes de começarmos a falar sobre os poemas do século XIX, quero chamar a sua atenção para alguns fatos importantes ocorridos nos últimos dias: 

💀

  • Explosão no porto de Beirute (Líbano)
  • Casos recorrentes de racismo no Brasil e no mundo.
  • O cinismo das autoridades públicas diante das mortes decorrentes da pandemia do Corona Vírus
  • O dilema da volta (ou não) às aulas.
  • Cheques do Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro.
  • Trágico engavetamento de carros em rodovia no Paraná.

Abrirei mão (somente nesse momento) da minha natureza otimista, pois como você pode perceber, todos esses acontecimentos foram muito trágicos e estão muito marcados na mente da maioria das pessoas. São acontecimentos que podem despertar em você um pessimismo muito forte em relação a humanidade.

O pessimismo se mistura com o sentimento de indignação quando pensamos se essas tragédias todas podem ou não mexer com a consciência dos responsáveis por elas.  

Peço desculpas por fazer o papel do “cantor da poesia de tudo que é morto” contrariando assim a premissa do blog "Nada Vejo Senão a Luz". Fazer você rememorar tantas tristezas, Não é fácil, mas achei importante fazer isso para que você se sensibilizasse para refletir sobre a seguinte provocação de forma empática:

Tendo como base o mote “consciência”, leia o poema a seguir e faça a associação de seu conteúdo com os dias atuais. Pense nos desastres ocorridos, nas violências contra a diversidade, na divisão de classes a que somos submetidos entre outros acontecimentos que envolvem o ser humano e sua atuação no lugar onde vive. Atente-se para a dor do eu lírico.


O morcego

 

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.

Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:

Na bruta ardência orgânica da sede,

Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

 

“Vou mandar levantar outra parede...”

— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho

E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,

Circularmente sobre a minha rede!

 

Pego de um pau. Esforços faço. Chego

A tocá-lo. Minh’alma se concentra.

Que ventre produziu tão feio parto?!

 

A Consciência Humana é este morcego!

Por mais que a gente faça, à noite, ele entra

Imperceptivelmente em nosso quarto!

 

(Augusto dos Anjos)


CURIOSIDADE: Há dois séculos, o poeta Augusto dos Anjos escreveu poemas que o diferenciaram da escrita de seus antecessores e de seus contemporâneos. Um deles é “O Morcego”, poema que você acabou de ler.

E ai, o que você achou do poema? Se quiser, deixe as suas impressões nos comentários dessa publicação no blog.

 

EXERCÍCIO DE ANÁLISE POÉTICA

 

Agora peço para que você copie e responda todas as questões que aparecerão no decorrer desse roteiro no seu caderno de Língua Portuguesa ou portfólio.

a) O poema mostra uma visão pessimista da vida e do ser humano? Comente.

b) Você considera que a “Consciência Humana”, atualmente, vem em segundo plano? É a mesma daquela trabalhada por Augusto dos Anjos, em seu poema do século XIX? Comente.

 

para saber mais...

 

Mas enfim, quem foi augusto dos Anjos?


Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos ficou conhecido como Augusto dos Anjos. Poeta brasileiro, nasceu na Paraíba, em 22 de abril de 1884. Considerado um dos poetas mais críticos de sua época (Simbolismo), também foi reconhecido como o mais importante poeta do pré-modernismo, segundo alguns críticos.

Em sua obra, é possível reconhecer raízes do simbolismo, tais como: o gosto pela morte, a presença da angústia, a utilização de metáforas e de vocabulário mórbido.

O contexto literário da época traz uma proposta diferenciada quanto ao modo de abordar os conteúdos tratados nos poemas. Os poemas de Augusto dos Anjos passam a expressar um realismo exagerado, distanciando-os das idealizações sentimentais. Por examinar a realidade sob a ótica do pessimismo, provocaram estranhamento no público, o que fez com que a obra do autor demorasse a ser reconhecida. Ele próprio se declarou "cantor da poesia de tudo que é morto".


DICA: Aconselho você a entrar no Blog da Sala de Leitura da nossa escola e ver quanta coisa bacana a Professora Márcia Paes postou sobre Augusto dos Anjos. Lá você poderá ver vídeos sobre o autor, interpretações de poesias, análises de poemas e baixar as principais obras. Leia outros poemas incríveis de Augusto dos Anjos. Só clicar aqui!!!


CONTINUANDO COM A ANÁLISE POÉTICA...

 

Associando as informações que você acabou de ler a respeito do autor de “O Morcego”, retome o poema e responda aos itens

c) Qual a primeira impressão que o poema provocou em você?

d) O título “O morcego” provoca expectativas com relação à leitura do poema? O que a figura do morcego pode representar nesse texto?

e) Assim como a palavra que intitula o poema, que outras palavras empregadas pelo poeta podem causar estranhamento? Identifique-as.

f) Na primeira estrofe, há um momento em que o eu lírico mostra-se assombrado. Em que verso é possível identificar esse sentimento?

g) Como você interpreta os versos:

“Na bruta ardência orgânica da sede, / Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.”

h) Nas segunda e terceira estrofes, o eu lírico parece estar temeroso diante da situação em que se encontra. Identifique nos versos, passagens que demonstrem o desejo de se livrar do “morcego”.

 

Já estamos no final do roteiro, mas antes de encerrar, deixo aqui quatro tiras que explicam muito sobre o poeta Augusto dos Anjos e sua companheira de aventuras e desventuras, dona Morte. 




Caso ainda não tenha assistido a aula "A consciência humana e o morcego" apresentada no CMSP pelos professores Mauro e Taiana. Assista! Eles ajudarão você entender o assunto. A aula foi apresentada no dia 11/08. (semana passada).


Volto na próxima semana com um aprofundamento sobre a poesia do século XIX e uma proposta de avaliação sobre o entendimento que você teve desse roteiro.

Até logo.

Fique bem. 


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