Modelo de Artigo de Opinião
África, o continente de todos
Grande parte da humanidade olha para a África como quem olha
pela janela (de um hotel de 5 estrelas) e não como quem olha para o espelho. No
entanto, toda a história mundial tem seu espelho na África. Todos os outros
continentes - América, Ásia - foram espoliados para que a Europa pudesse
trilhar as chamadas revoluções comercial e industrial, no processo de
acumulação primitiva. Mas nenhum continente sofreu, além da dilapidação dos
seus recursos naturais, da opressão das suas culturas e dos seus povos, a
escravidão nas proporções de genocídio que ela assumiu na África.
Praticamente toda a população adulta da África foi
submetida à degradante situação de serem levados como gado para trabalhar como
escravos, como seres inferiores, para produzir riquezas para a elite branca
europeia. O destino da África ficou comprometido pelo colonialismo, pela
escravidão e pelas diversas formas de imperialismo. Foi também vítima
privilegiada do racismo, da discriminação contra os negros, disseminada pela
elite branca por todo o mundo.
A África do Sul, o país economicamente mais desenvolvido do
continente, até pouco tempo ainda sofria o apartheid. Mas as elites brancas do
mundo consideram a África um caso de continente vítima de si mesma: do
tribalismo, do atraso, dos conflitos étnicos, dos massacres, das epidemias, das
catástrofes. Tentam fazer a África vítima da natureza e não vítima da história
- da colonização, da escravidão, do imperialismo. Um caso perdido, para as
potências imperiais. Um caso de opressão, exploração, discriminação.
Hoje a África tornou-se abastecedor de matérias primas para
as potências da globalização, que continuam a extrair os recursos naturais por
meio de grandes corporações ou diretamente de governos. As mesmas potências
que, na Conferência de 1890 concluíram a repartição do continente entre eles,
fatiando-o com regra e compasso, hoje disputam entre si os recursos que
alimentam seus processos de industrialização e de consumismo exacerbado.
Os colonizadores e os imperialistas não consideram que
sejam devedores da África, que devam contemplar como continente privilegiado no
apoio dos outros, por tudo ao que submeteram os países e os povos africanos.
Podemos julgar a política externa de cada governo e a visão
de cada povo do mundo pela atitude que têm com a África. Ao invés de continente
marginal, deveria ocupar o lugar central nas relações internacionais
contemporâneas. Toda política externa que não privilegia a África, está errada.
Fonte: JusBrasil https://sintrajufe-rs.jusbrasil.com.br/noticias/2556729/artigo-africa-o-continente-de-todos
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