LP - APRENDER SEMPRE – AULA 7 (SEMANA 7 / 4º BIM 2020)
“Quem mata o tempo não é assassino, é suicida”
Millôr Fernandes
Olá!!!
Mais uma semana de estudos!!! Detalhe: a última com roteiro de conteúdo novo! 😎
Nas duas semanas anteriores vocês realizaram a 28ª AAP. Obrigado pelo empenho de todos vocês...realizar a AAP é uma premissa importante do Ensino Integral. Vocês não estão aqui a toa! 👏👏👏👏
E antes ainda das AAP, na semana 4, vocês leram o fragmento de um conto do Machado de
Assis chamado “A Mágoa do infeliz Cosme”. O objetivo era analisarmos os
efeitos de sentido dos recursos estilísticos do autor da obra, além de
contextualizarmos histórico e socialmente o texto literário do século XIX, sendo
assim, não achei necessário colocar o conto completo, porém, se você gostou e
quer continuar a leitura para saber como a história progride e termina, só clicar aqui para ter acesso ao
conto completo. Espero que se animem em ler!
Se preferir,
você pode ouvir o conto em uma interpretação em áudio do Projeto Livro Livre. A
escolha é sua!!! 😁
Agora sim,
vamos para a aula 7 do Material Aprender Sempre Vol. 3 (p. 40 e 41). Esta será a
aula que encerrará a Sequência de Atividades 2.
A IMAGEM
DAS PALAVRAS (p. 41 e 42)
1. Leia, silenciosamente, o excerto do primeiro capítulo da obra “Cinco Minutos”, do escritor José de Alencar, publicado originalmente como folhetim em 1857. Não sabe o que é folhetim? Explico: O folhetim é uma narrativa literária, seriada (Assim como as séries da Netflix ou telenovelas) dentro dos gêneros prosa de ficção e romance. Vamos para o excerto agora:
Capítulo I
A D...
É uma história curiosa a que lhe vou
contar, minha prima.
Mas é uma história, e não um romance.
Há mais de dois anos, seriam seis horas
da tarde, dirigi-me ao Rocio para tomar o ônibus de Andaraí.
Sabe que sou o homem menos pontual que
há neste mundo; entre os meus imensos defeitos e as minhas poucas qualidades,
não conto a pontualidade, essa virtude dos reis, e esse mau costume dos ingleses.
[...]
Tudo isto quer dizer que, chegando ao
Rocio, não vi mais ônibus algum; o empregado a quem me dirigi respondeu:
— Partiu há cinco minutos.
Resignei-me, e esperei pelo ônibus de
sete horas.
Anoiteceu.
Fazia uma noite de inverno fresca e
úmida; o céu estava calmo, mas sem estrelas.
À hora marcada chegou o ônibus, e
apressei-me a ir tomar o meu lugar.
Procurei, como costumo, o fundo do
carro, a fim de ficar livre das conversas monótonas dos recebedores.
[...].
O canto já estava ocupado por um monte
de sedas, que deixou escapar-se um ligeiro farfalhar, aconchegando-se para
dar-me lugar.
Sentei-me; prefiro sempre o contato da
seda à vizinhança da casimira ou do pano.
O meu primeiro cuidado foi ver se
conseguia descobrir o rosto e as formas que se escondiam nessas nuvens de seda
e de rendas.
Era impossível.
Além da noite estar escura, um maldito
véu que caía de um chapeuzinho de palha não me deixava a menor esperança.
Resignei-me, e assentei que o melhor era
cuidar de outra coisa.
Já o meu pensamento tinha-se lançado a
galope pelo mundo da fantasia, quando de repente fui obrigado a voltar por uma
circunstância bem simples.
Senti no meu braço o contato suave de um
outro braço, que me parecia macio e aveludado como uma folha de rosa.
[...]
De repente veio-me uma ideia. Se fosse
feia! se fosse velha! se fosse uma e outra coisa!
Fiquei frio, e comecei a refletir.
[...]
A imaginação é capaz de maiores esforços
ainda.
Nesta marcha, o meu espírito em alguns
instantes tinha chegado a uma convicção inabalável sobre a fealdade de minha
vizinha.
Para adquirir a certeza renovei o exame
que tentara a princípio [...] estava tão bem envolvida no seu mantelete e no
seu véu, que nem um traço do rosto traía o seu incógnito.
Mais uma prova! Uma mulher bonita
deixa-se admirar, e não se esconde como uma pérola dentro da sua ostra.
Decididamente era feia, enormemente
feia!
Nisto ela fez um movimento entreabrindo
o seu mantelete, e um bafejo suave de aroma de sândalo exalou-se.
[...]
Não se admire, minha prima; tenho uma
teoria a respeito dos perfumes.
A mulher é uma flor que se estuda, como
a flor do campo, pelas suas cores, pelas suas folhas e sobretudo pelo seu
perfume.
Dada a cor predileta de uma mulher
desconhecida, o seu modo de trajar e o seu perfume favorito, vou descobrir com
a mesma exatidão de um problema algébrico se ela é bonita ou feia.
De todos estes indícios, porém, o mais
seguro é o perfume; e isto por um segredo da natureza, por uma lei misteriosa
da criação, que não sei explicar.
[...]
Era bela!
Tinha toda a certeza; desta vez era uma
convicção profunda e inabalável.
[...]
Era bela!
Mas não a podia ver, por mais esforços
que fizesse.
[...] vi uma sombra passar diante de
meus olhos no meio do ruge-ruge de um vestido, e quando dei acordo de mim, o
carro rodava e eu tinha perdido a minha visão.
Ressoava-me ainda ao ouvido uma palavra
murmurada, ou antes suspirada quase imperceptivelmente:
— Non ti scordar di me!...
Lancei-me fora do ônibus; caminhei à
direita e à esquerda; andei como um louco até nove horas da noite.
Nada!
ALENCAR, J. de. Cinco Minutos. Biblioteca Virtual do
Estudante Brasileiro: Escola do Futuro da Universidade de São Paulo. Disponível
em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&-co_obra=1836>.
Acesso em: 16 nov. 2020.
ORIENTAÇÃO
PARA RESPONDER AS 2 PERGUNTAS SOBRE O TEXTO: É importante escrever as
respostas de modo completo, pois isso garante a compreensão do enunciado e
exercita as habilidades de escrita e seleção de informações. Se for necessário,
revise os conceitos de metonímia e metáfora para garantir a assimilação do
conceito.
2. Você
percebeu que o excerto do primeiro capítulo de “Cinco Minutos”, publicado em
1857 por José de Alencar, usa alguns recursos para prender a atenção do leitor:
a descrição minuciosa que se preocupa em desvendar cada olhar do narrador, como
se ele estivesse com uma câmera nas mãos. Apontada para o céu, a “câmera”
mostra a noite sem estrelas, depois o ônibus com o lugar preferido ocupado.
Releia o parágrafo “Sentei-me; prefiro sempre o contato da seda à vizinhança
da casimira ou do pano.” Explique a metonímia presente no texto.
3. Releia
o parágrafo “O meu primeiro cuidado foi ver se conseguia descobrir o rosto e
as formas que se escondiam nessas nuvens de seda e de rendas”. Como a
metáfora potencializa o sentido do texto?
É importante
escrever as respostas de modo completo, pois isso garante a compreensão do enunciado
e exercita as habilidades de escrita e seleção de informações. Se for
necessário, revise os conceitos de metonímia e metáfora para garantir a
assimilação do conceito.
Acho
importante você assistir o vídeo a seguir que ilustra de forma criativa e deslocada
para um contexto mais atual a história que José de Alencar nos contou no seu
folhetim “Cinco Minutos”
E para
finalizarmos, se você quiser saber um pouco mais sobre o folhetim Cinco Minutos,
é só clicar aqui que você terá acesso a mais algumas informações interessantes
e que ajudará você a entender ainda mais esta obra importante de José de
Alencar.
Me despeço
aqui.
Qualquer
dúvida...só me procurar!
Os roteiros com conteúdo novo acabaram, mas aulas ainda não!!! Então fiquem ligados!!!
Fique bem...Até a próxima.
Abraços virtuais!!!
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